sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Jovens artistas indígenas participam de evento na UERR

A Universidade Estadual de Roraima realizou de 24 a 27 de setembro o II Simpósio de Educação e Formação de Professores, a V Semana da Área de Ciências Humanas e o I Encontro do Projeto Novos Talentos da UERR- da ciência à cidadania. Foram 26 atividades diferentes nos quatro dias de eventos, com participação de alunos de escolas estaduais e indígenas atendidas pelo projeto Novos Talentos nas escolas estaduais Cícero Vieira Neto (Pacaraima), Tuxaua Antônio Horácio (Pacaraima), José de Alencar (Rorainópolis) e Padre Eugênio Possamai (Rorainópolis).

A escola Tuxaua Antônio Horácio, localizada na comunidade indígena Boca da Mata, na área indígena São Marcos, trouxe três apresentações artístico-culturais.

A primeira foi com as crianças do grupo de parixara Pata Maima. Alguns dos indiozinhos, todos com menos de 12 anos, eu já conhecia do tempo em que estive lá por conta do projeto Caminhada Arteliteratura. A coordenadora do grupo, Leoneide Pinho, organizou à época uma rápida apresentação e nos colocou para dançar parixara numa grande roda no malocão da comunidade. 

Confere algumas fotos que fiz das apresentações desta semana:

Foto: Edgar Borges
Foto: Edgar Borges
As criancinhas se apresentaram no auditório do campus Boa Vista da UERR, encantando o público, formado por acadêmicos e professores de vários cursos.

Outra mostra dos talentos que a comunidade abriga foi dada pelo grupo da escola, dirigido pelo professor de química e biologia Ricardo Dantas. Junto com Mário Dinarti, escreveu uma peça sobre meio ambiente intitulada 'O julgamento do ser humano' e a ensaiou durante um mês com alunos dos segundos e terceiros anos do ensino médio. Os oito jovens atores encararam a plateia e mandaram muito bem na história, que discute a responsabilidade das pessoas na destruição e preservação da natureza.


Foto: Edgar Borges

O sol, a terra e a assistente de tribunal (Foto: Edgar Borges)


 O lixão (Foto: Edgar Borges)

A intenção do grupo é rodar pelas escolas da área indígena, promovendo debates sobre a questão ambiental. Graças à apresentação na UERR, ganharam um convite para participar de um evento na Universidade Federal de Roraima e há possibilidade de estarem na Feira Estadual de Ciências, prevista para acontecer de 18 a 20 de outubro.

Outra atração vinda da Boca da Mata foi a Cia. Indígena de Dança Raízes de São Marcos, dirigida pela professora Raquel Queiroz, que desenvolvou durante muitos anos trabalhos de dança de rua em Boa Vista e recentemente foi morar na cidade de Pacaraima, a cerca de 30 km da comunidade.

Esta foi a primeira apresentação da turma, que abriu seu número com o cerimonial de defumação do maruai, um tipo de incenso utilizado para combater o cansaço, o mau olhado e dar força às pessoas. A proposta intercultural agradou aos presentes e conta, conforme Raquel, com apoio da escola.




A jovem que fez a defumação no ambiente é um exemplo do esforço feito diariamente para estudar nos territórios indígenas. A conheci também ano passado, nas atividades realizadas na escola de Sorocaima II, comunidade que fica à margem da BR 174, na serra de Pacaraima. Os seus longos cabelos negros lhe valeram o apelido de Pocahontas.

Pensei que havia se mudado para a Boca da Mata, mas uma das professores me explicou: continua vivendo em Sorocaima I, a uns 8Km da da BR. Todo dia sai de sua comunidade, passa por Sorocaima II e desce a serra para ir até a Boca da Mata, que é considerada o principal núcleo indígena da região, pois possui escola e centro de saúde. Deve dar também uns 30 km, 40km para ir e outros tantos para voltar.

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