sábado, 2 de junho de 2012

OLHEIROS DA MADRUGADA (ou Cortejo agreste) – Poesia de Zanny Adairalba, selecionada para o XIV Conpoesi

Viram céus escurecendo
O riso ficando pouco
A sorte fugindo a tempo
O vento pegando fogo
Viram vidas maltratadas
Na rede da despedida
A cobra lançar seu jogo
Na alma seca, ferida
Viram o mês de janeiro
Fevereiro, março, abril
No pulsar de tantos veios
Nenhuma rosa se viu
Viram secas na varanda
Empoeirando as saídas
Como quebrados desejos
Muita morte, pouca vida
Viram tristes madrugadas
Cair nãos mãos do clarão
Ratos de vala sem leito
Como quem cai no porão
Viram silêncio marcado
Se desfazendo no mundo
Viram vazio profundo
Mortalhas na amplidão
Viram sorte encabulada
Ao longe se retorcendo
Viram vela, fogo, vento
Nos braços da escuridão
Viram gritos solitários
Se espalhando pela terra
Pouco tempo, vento, vela
Soldado de pés sem chão

(2° lugar, categoria Comunidade, modalidade Escrita, e 1° lugar, categoria Comunidade, modalidade Interpretação, defendida por Anderson Nascimento)

Nenhum comentário:

Postar um comentário